segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Referências

Era dez e meia da noite quando tocou telefone. Eu estranhei, pois em casa não é costume receber ligações a essa hora. Do outro lado da linha,  era uma mulher que disse se chamar Paula. Queria saber referências da minha ex-empregada.
Não sei se sabem mas foi a minha ex-empregada a inspiradora deste blog. Ela ficou mais de nove anos trabalhando na inha casa, acompanhou vários momentos e crises da minha família. Quando percebi que tinha que procurar outra pessoa para substituí-la, pois a relação estava muito desgastada, foi um dos piores tempos da minha vida.
A ex vivia falando que não ia mais trabalhar, não tinha mais idade e queria parar. A verdade é que ela vivia ameaçando, dizendo que ia embora. Falava isso para os meus filhos. Eles ficavam com medo de ela sair no meio do dia, deixá-los sozinhos e não voltar mais.
Podem até pensar que é exagero, mas não foi! Foi muito difícil. Eu fiquei atordoada. Eu precisava de alguém para trabalhar na minha casa, e tinha que ser de confiança. Acontece que não encontrava outra de jeito nenhum. Conversava com uma e outra, mas acertar algo que era bom, nada.
Um dia, a ex tava tava lá, rabugenta, falando que não dava mais, etc. Eu olhei bem para ela e perguntei:
- É isso mesmo que você quer?
- É. - falou ela decidida. - Só fico até dezembro. Para mim, chega.
- Então tá certo. Até dezembro. - Falei decidida também.
Isso devia ser outubro. Eu tinha o telefone de tanta gente e tanta gente me ligava, que ficava até confusa sobre quem tinha indicado quem. Eu nem tocava no assunto com a ex, fingia que estava tudo sob controle. Ela continuava com o blá-blá-blá de ir embora. Eu conversava muito com meus filhos, explicava para eles que nunca, nunca, eles iam ficar sozinhos. Falava, como falo, que eles sempre tem que me contar tudo o que acontece em casa.
Até que, um belo dia, no início de dezembro, acertei tudo com uma moça e combinei dela começar em janeiro. Lembro que, depois disso, fui pagar a ex e ela me perguntou:
- E aí? Arrumou alguém para trabalhar aqui?
- Arrumei.
Ela ficou surpresa
- Vai começar em janeiro.
Ela  perguntou se eu tinha certeza que a moça iria aparecer para trabalhar... "depois das festas, sabe como é...esse pessoal não quer saber de nada". Eu disse para ela não se preocupar, que poderia ir tranquila. Se a moça não aparecesse eu ia me virar (nem sabia como). 
Bom, esse foi o fim da Policarpa na minha casa. E agora me pediram a referências dela.
Eu dei referência  falando dos anos que ela passou comigo, e não pela forma como acabou a "relação".
Se fosse assim com os namorados, né? Talvez não tivesse tanta namorada rancorosa por aí.