segunda-feira, 25 de maio de 2009

Treinamento para empregadas domésticas

São tantos os direitos das empregadas domésticas discutidos nas mídias que os seus deveres ficam em segundo plano. Sabemos como e o que elas devem fazer em nossa casa, respeitando nossa vida particular. Mas nossas queixas e reclamações ficam recheando as conversas sobre a fraca atuação de nossas empregadas. E a culpa é de quem? Existe culpa nisso?

Uma vez ouvi de um empresário: "se o seu funcionário não está trabalhando bem das duas uma: ou é você que não o treina bem ou está demorando para mandá-lo embora."

A frase cai como uma luva para mim. Se a relação persiste em não estar boa, então por que continuar com ela, não é mesmo? Ah...se a vida fosse tão simples assim...

A idéia do tal empresário não está errada, está corretíssima! Já pensei em treinamento simplesmente dizendo como fazer as tarefas em minha casa, informando os horários, as logísticas domésticas, etc. Mas sou limitada no quesita dona do lar! Não sei cozinhar, não sei passar, não faço lá uma faxina exemplar para fornecer esse treinamento. E o tempo para isso? Alguém tem que trabalhar em casa! Se eu soubesse ser tão perfeita e organizada, pra que iria precisar de uma empregada, não é mesmo?

Tem gente que descobriu que existe uma falta de orientação, de preparo para os serviços domésticos profissionais. Em Brasília, há um curso para ensinar o ofício a pessoas desempregadas. O treinamento é aberto também para as empregadas que são inscritas por suas patroas.

Ainda não sei se há algo similar no Rio de Janeiro, mas seria muito interessante que tivesse. Se alguém souber de algo, por favor, me avise.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Garantias trabalhistas após três vezes por semana

Neste mês de maio, uma diarista, em Curitiba, que prestou serviços durante dezoito anos em uma mesma casa, de duas a três vezes por semana, perdeu o reconhecimento do vínculo empregadício na Justiça.

A decisão apareceu em várias reportagens por que, no mês passado, a "onda" era pensar que a diarista teria os mesmos direitos que uma empregada que cumpre horários diários de trabalho em uma residência. E até um projeto de lei foi entregue ao Senado para garantir a aplicação da CLT às diaristas, lembram? Foi assunto de um outro post.

A idéia vinha ganhando força para alegria de umas e preocupação de outras. Nas rodas de patroas o assunto gerava dúvidas, incertezas.

O que é um trabalho contínuo afinal de contas? Entre os juízes não existe consenso, hora é uma coisa, hora é outra. ...e ficamos nós à deriva aguardando a decisão dos outros nas nossas relações tão delicadas e particulares de trabalho.

É... patroas, a luta continua.

Deu no Bom Dia Brasil da TV Globo, do dia 8 de maio. Veja a reportagem.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Confissões de uma patroa - parte 1

Eu confesso que não gosto de ser patroa!!! Tudo não seria mais fácil se programássemos um robô?

A minha experiência em ficar cobrando toda hora alguma coisa é cansativa. Sei que devemos valorizar as relações interpessoais. E também gerar empregos é algo enobrecedor (pelo menos devia ser). Mas, francamente, tem hora que reflito muito, muito, mentalizo o caos que a casa pode ficar sem elas para não desistir de vez.

É um horário atrasado, uma leiteira que aparece sem a alça, uma roupa toda manchada por água sanitária, a conta de celular da filha com várias de ligações para... Manais! E minha filha, menorzíssima de idade, não conhece ninguém nem sequer na Bahia! Os horários das ligações eram todos quando não havia ninguém em casa.

Fui cobrar explicações. Mostrei logo a conta que tem horário, dia, valor. Nem tinha como negar. Ela não esboçou reação. Foi para o quarto muda.

Sabe que acabei até ficando com pena? Mais de mim do que dela! O que será que acontece em minha casa na minha ausência?

A gente sabe que todos tem suas necessidades. No caso dela, era falar com o namorado, e a família, à distância livre de tarifas. E sem ao menos me pedir!

Tudo bem. Não pensei em mandar embora, como ela pensou que podia acontecer. Ela pediu desculpas, ficou muito envergonhada. E eu descontei do salário.

Acho que dessa surpresa eu não me aborreço mais.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Quando eu era pequena..

Minha mãe trabalhava, tinha seis filhos, e a gente se virava em casa. Cada um preparava seu café-da-manhã, esquentava seu jantar. Uma casa com um vai-e-vem danado de gente com horários e rotinas diferentes. Por isso, apesar da gente ser bem treinado para ajudar, era muito necessário um suporte técnico doméstico.

Eu lembro que uma vez minha mãe contratou uma empregada que era uma mulata bonita, simpática e calada. Apresentou ela calmamente para todos nós, o que não era lá muito comum, mas tudo bem, minha mãe parecia gostar da moça. Ela tinha o cabelo preso, usava uniforme sempre limpo e era discreta. Mas em alguns meses a mulher se transformou.

Eu devia ter uns dez, onze anos. A moça começou a falar de Deus sem parar. Até então nada de mais pra quem hoje em dia convive com uma série de adeptos de igrejas que tem um vocabulário vastamente, digamos, espiritualizado.

Mas o "demo" também era figura fácil nas palavras da mulher. Como em casa o pessoal era muito gaiato, todo mundo levava tudo na gozação, longe da moça, lógico!

Um dia ela soltou os cabelos e deixou de usar uniforme. Foi quando a transformação ficou mais evidente. Ela cantava alto. Deus e o Diabo, em sua boca, deram lugar a palavrões e deboches.

Além dos cabelos, ela começou a se soltar mesmo, e até a nos assustar. Teve uma vez que eu almoçava com meu irmão na copa, antes de ir pra escola, enquanto ela conversava com a faxineira:
- Você sabia que, na época dos escravos, eram eles que faziam comida pros patrões?
- É... o escravo fazia tudo. - respodeu distraída a faxineira.
- Agora é assim também, né?
- Assim como?
- Os empregados cozinham, fazem tudo.
- Ah! Mas é diferente, né?
- Diferente, diferente! - E o tom da transformação ficou mais forte - Só que os escravos colocavam até veneno na comida dos senhores! Só de raiva.
Eu parei na hora de comer. Olhei pro meu irmão que também tinha parado de comer.
- Mas isso é maldade, né? - riu a faxineira, não levando nada a sério.
Muito diferente de mim.
- Que maldade nada!- Ela deu uma gargalhada - É raiva mesmo!
O meu irmão continuou comendo. Aquele ali tinha um apetite danado, era magro de ruim. Nem ouvindo um negócio desses o menino parou de colocar a comida na boca! Que coisa impressionante!
- Mas ninguém é maluco de fazer isso! -amenizou a faxeira. Pra minha sorte e pra satisfação da minha fome, mas que "deu um branco" por instantes.

Simulei umas garfadas...pois é... se aquilo tava envenenado, eu já ia morrer mesmo....tava no final do meu almoço. Meu irmão tinha razão, deixar de comer pra quê?

Isso é só um exemplo, ameno, das coisas que essa moça fez. E minha mãe, com aquele coração religoso-piedoso, nem pra mandar a mulher embora! E nem a empregada queria sair de lá. Era louca! Aliás, depois de muito tempo a nossa querida mãe nos disse que, ao contratar a mulher, sabia que a moça tinha passado por um tratamento no Dr. Eiras! Quase que nós internamos a mãe quando soubemos disso! Outra louca!

Quem acabou expulsando a pseudo-transformada da nossa casa foi uma das minhas irmãs. Para a santa paz no lar!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Cenas perigosas

Deu no Bairros.com Zona Sul, do dia 7.05.09, o registro de uma cena perigosa. Uma provável doméstica, ou diarista, em pé numa escala, junto ao parapeito da janela , limpava os vidros com um pano. Bastava um breve susto, uma pequena distração, que a figura poderia se espatifar no final dos cinco andares que a separavam da calçada. Podendo até cair em cima de algum cidadão que esteja passando na hora. Oo infeliz!

Com certeza era algo que ela nunca imaginaria acontecer com ela, coisas do tipo "que besteira! Sempre limpo assim e nunca me aconteceu nada!" Esses casos graduam entre o excesso de segurança e a completa falta de noção de perigo. E nessa graduação estamos nós que muitas vezes nem sabemos como é feita a limpeza em nossa casa.

Essas cenas não são raras nossa cidade. Desde que a minha infância se faz memória, me lembro de ver umas aqui e ali nessa mesma aventura. Um passeio distraído pelas ruas, olhando os prédios e tão elas lá com o perna apoiada no parapeito, balançando os braços nos vidros. Uma beleza, não? Chego a pensar se não tem alguma coisa a ver com descarga de adrenalina igual aos praticantes de esportes radicais. Deve ser!

Por outro lado, é bom chegar em casa e ver as janelas tão limpinhas como nunca! "Puxa, achava até que tinha um arranhão aqui no canto do vidro. Aah, não....era só uma mancha de sujeira."
Desde que virei uma administradora do lar, contraí matrimonio, etc, já comprei um cabo de metal com esponja na ponta para esse tipo de limpeza. Ele não durou muito, é verdade. Mas não é nada que não possa ser substituído por uma vassoura ou rodo com panos bem amarrados. De modo algum quero ser apontada na rua, ou em qualquer lugar da face da terra, como um novo Capitão Gancho usando pranchas, ou melhor, janelas para atirar homens ao mar, quer dizer, mulheres ao chão.

Por isso, como sei que muitas das minhas colegas de patroice não estão em casa nesses momentos, aconselho a saber como estão fazendo as limpezas de suas janelas. E se a fazem da maneira aventureira, é bom cortar logo essa "farra". Para o bem de todos os cidadãos.

sábado, 9 de maio de 2009

Mudando o foco - Dia das Mães

Patroas, hoje vou mudar um pouco o foco do blog.

Vamos falar de nós, pessoas-mães!! Amanhã é o nosso dia!! Oba! Quero café-da-manhã na cama, massagens nos pés...hum, deixa eu ver o que mais....

Aqui em casa, pelo menos, são meus filhos que fazem questão do dia não passar em branco. E eu curto essa alegria com eles. Nem ligo pra presente. Só quero curtir um domingo de um jeito muito especial.

O que fica mesmo é o momento e o que as pessoas nos fazem sentir. E quando são pessoas queridas é muito-melhor-de-bom-ainda.

Patroas, espero que aproveitem o descanso do domingo do Dia das Mães de um jeito muito especial.

Postei uma foto que cliquei no"meu jardim" para deixar o dia, e o blog, ainda mais caloroso e feliz.


Bjs






quarta-feira, 6 de maio de 2009

Descontos e Limites

Além do INSS, muitas patroas não tem ciência do que, legalmente, pode ser descontado de suas empregadas. Não que eu esteja estimulando ao desconto. É somente uma informação que pode ser repassada para a empregada na ocasião da contratação. Pensando, por exemplo, nessa situação:
- Então, Maria,você sabia que eu posso descontar do seu salário até 25% do valor do salário mínimo para alimentação?
- É?
- E tem mais. 20% para moradia..
-Xiiii...
- Mas se você morar no emprego não.
- Morar no emprego? Cruzes!
-7% para higiene..
- Higiene? Mas por que pode descontar isso?
- É o uso do sabonete, papel higiênico....
-Isso é muita miséria! Nunca vi um negócio desses.
-E vestuário também! 22%. E transporte até 6%
- Ah, vale-transporte, desse eu conheço! Mas diz uma coisa, é tudo isso que pode descontar?
- É até onde eu podia descontar. Mas fica tranquila. Eu nunca fiz isso pra ninguém. E não vou fazer com você, não é?
- E acho bom mesmo não fazer! Eu é que não ia trabalhar aqui desse jeito. Nem eu, nem ninguém!
Audácia na resposta? Pode ser. Mas é a mais pura verdade.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

De Olho: Projeto de Lei para Diaristas no Senado

Você acha que aquela diarista que trabalha na sua casa não significa um vínculo empregatício com sua pessoa? Pois é.... sinto lhe dizer mas a relação não anda muito só por esse caminho não...

No último dia 27 de abril, dia da empregada doméstica, o Senado Federal recebeu três projetos de lei que prevem benefícios para as empregadas apresentados pela senadora Serys Slhessarenko (PT-MS). Um desses projetos diz respeito às diaristas.

Apesar de nós, patroas, vivermos na nebulosa certeza que esse formato de serviço prestado (diarista) não gera vínculo, não é bem assim para a Senadora e nem para o Sindicato das Domésticas. Um dos princípios para classificar o vínculo é o da subordinação ao empregador. Você manda, não é? Fala como quer as coisas na sua casa. Enfim, dá as ordens. A trabalhadora responde aos seus "comandos". Ela é, então, é subordinada a sua chefia. Vamos dizer assim: você manda, ela obedece. Em uma relação de empregador/empregado; chefe/subalterno, é assim que acontece a prestação de serviço.

Outro fator para o vínculo, segundo o Sindicato, está na forma de pagamento. Segundo os argumentos apresentados: "pagamento semanal, quinzenal ou mensal pode caracterizar vínculo empregatício já tendo inclusive jurisprudência para esse tipo de interpretação".

Então, patroas, vamos ficar de olho. Pagamento somente logo após a prestação do serviço. Já quanto à "característica de subordinação"...de que outra forma vamos pedir o serviço? Isso é muito discutível.

Os outros dois projetos são:
- "multa de R$ 1 mil a R$ 10 mil para patrões que não registrarem seus empregados domésticos. A proposta inclui ainda multa de 50% que será revertida para a trabalhadora. "
- redução da alíquota do INSS para 6% para o patrão e para a empregada, alterando hoje os índices de 12% e 8%, respectivamente.